Em 2012, com 19 anos, não me interessava por moda – e sim por comprar roupas, andar arrumadinha e só. Entre gostar de moda e encontrar meu estilo, houve um divisor de águas: o sneaker de salto. Você provavelmente sabe do que estou falando e talvez até teve uma das versões “inspired”. O tênis com salto de Isabel Marant lançado em 2011 foi usado pelas celebridades e reproduzido pelas marcas. Uma febre!

E o que sneaker de salto tem a ver com a maneira que eu vejo a moda? Vamos lá:

Em 2012 comecei a trabalhar com moda. Estava na faculdade de Jornalismo e meu primeiro estágio foi em um programa de televisão na área. Pesquisava mais a fundo, via desfiles, sabia quais eram as tendências da vez e fiz a cobertura do SPFW. Junto com isso, veio a vontade de estar na moda. Já que fazia parte desse meio, queria mostrar para as outras pessoas que eu sabia, sim, o que estava na moda.

Foi aí que entrou o sneaker de salto. Todo mundo usava. Comprei. Usei. A moda passou. Na verdade, saturou. Ela tanta gente falando dele que cansou e foi saindo de cena. Ele não tinha nada a ver com meu estilo na época, porque eu usava roupas mais românticas, delicadas. Foi aí que eu vi claramente a peça passar de desejo-absoluto-preciso-de-um a algo que não poderia mais usar: “já saiu de moda, ninguém mais usa”. Aposentei com dor no coração e um pouco de culpa.

Aquela foi a minha primeira experiência para entender exatamente o que a moda faz: despertar desejos. E depois outro. E assim por diante.

Ainda demorei um tempo para entender que, trabalhando ou não com moda, não precisava provar nada para ninguém e seguir o que estava na moda nada tem a ver com ter estilo. Passei a pensar mais antes de comprar. Pensando mais, comprava melhor e via o que combinava comigo. Sempre pesava se ainda gostaria de usar a tal da tendência se ela passasse.

Até eu entender exatamente o que gostava de usar não foi fácil. O que a gente gosta de usar reflete a nossa personalidade e, como as nossas prioridades, nossa rotina e nossos gostos estão sempre mudando, deixar peças para trás é inevitável. Vejo, por exemplo, looks que postei ano passado que agora já combinaria de maneira diferente. Hoje acho que essa é a fase que mais me conheço e posso garantir: não há nenhum “sneaker” ocupando espaço no meu armário. :)

[Texto de 8 de outubro de 2015 do meu antigo blog Walking on the Street]